«Without music, life would be an error. The German imagines even God singing songs.»
Friedrich Nietzsche
Saturday, April 30, 2011
[New Album] TV on The Radio - Nine Types of Light
Na semana passada faleceu, aos 34 anos, Gerard Smith, baixista dos TV On The Radio não resistindo a um cancro no pulmão. O músico tinha adoecido pouco antes de terminado o novo álbum da banda: «Nine Types Of Light». Smith não conseguiu estar presente nos concertos de apresentação deste novo álbum que representa um incrível paradoxo de como a vida é. «Nine Types Of Light» apresenta uns TV On The Radio sem a «agressividade» sonora dos primeiros álbuns, mas com reforçada «agressividade» nas palavras e no retrato da sociedade americana dos nossos dias.
Este álbum vagueia em termos sonoros entre o soul, o funk, a electrónica e o indie rock, num ambiente «cool» por mais duras que sejam as palavras proferidas por Tunde Adebimpe. Juntamente com o lançamento do disco, os TV On The Radio lançaram também um filme de um hora com videoclips de cada uma das músicas do álbum, por entre palpites e ideas de diferentes pessoas sobre diferentes assuntos. A ideia foi a de, pegando no título do álbum, apresentar nove ópticas diferentes, com diversos caminhos de pensamento.
Os TV On The Radio conseguem neste seu novo trabalho demonstrar, com mestria, que, muitas vezes, a maior acídez e incisividade, não está na raiva com que se debitam decibéis e monstruosos riffs de guitarra, mas sim na força da palavra.
Os Dazkarieh são um dos projectos mais interessantes da música portuguesa, contando com mais de 12 anos de carreira e fazendo um som de fusão entre o Rock e a Música Tradicional Portuguesa.
Recentemente lançaram o seu quinto álbum: «Ruído do Silêncio», que é uma clara afirmação e confirmação de uma identidade muito própria, que começa na escolha do nome e que se prolonga por todo o universo criativo da banda.
O Eclectismo Musical esteve à conversa com Vasco Ribeiro Casais para conhecer melhor o trajecto e as ideias dos Dazkarieh.
A incontornável primeira pergunta: porquê Dazkarieh?
Porque queríamos ter um nome que fosse só associado a nós e para isso criámos uma palavra de raiz que significa a nossa música e a nossa energia em palco.
Doze anos depois, onde estão e para onde querem ir os Dazkarieh?
Estão numa fase de grande confiança, em que já têm um público sólido (dentro e fora de Portugal) que segue a banda e começam agora a chegar a a cada vez mais pessoas. Como objectivos futuros, o nosso objectivo é o mundo! Queremos continuar a fazer a música que gostamos e a partilhá-la com as pessoas.
Recentemente lançaram «Ruído do Silêncio», álbum que parece ser aquele que melhor vos representa enquanto banda de fusão entre a música tradicional portuguesa e o Pop/Rock, partilham desta visão?
Sim, é sem dúvida o nosso melhor disco, em que as nossas ideias foram mais claramente expressas e em que sentimos a consolidação do nosso som. Podemos dizer que já temos um som que nos define e que realmente é essa fusão entre a música de tradição oral e o rock mas não só, é também a nossa identidade enquanto seres humanos e artistas.
Como funciona o processo criativo dos Dazkarieh? De que forma é feita a recolha dos temas e a sua transposição para a linguagem Dazkarieh?
O que fazemos é
ouvir durante bastante tempo várias recolhas e progressivamente escolher
as que mais ligação têm connosco. Depois depende muito da música e do
que sentimos com ela. Vamos experimentando vários instrumentos e várias
abordagens até chegarmos ao que se ouve nos discos. Por vezes as coisas
são imediatas, em horas temos o tema pronto na sua versão final.
Em relação aos temas originais primeiro criamos a melodia principal,
depois a Joana escreve a letra e com base na letra fazemos o arranjo. É
em muito semelhante aos temas tradicionais e há músicas que são
imediatas e outras que requerem mais tempo de gestação.
Do vosso som resulta um enorme cuidado na selecção dos instrumentos e na sua conjugação. Sempre tiveram como objectivo fundamental pegar em instrumentos de diversos locais do mundo (e não apenas nos instrumentos tradicionais portugueses), ou foi algo que veio a acontecer no decorrer do processo criativo?
Numa fase inicial estávamos mais virados para todo o mundo mas com o tempo achámos que fazia mais sentido explorar a nossa tradição e os nossos instrumentos e progressivamente vamos utilizando mais instrumentos portugueses. Neste momento o único instrumento estrangeiro é a Nyckelharpa, de resto usamos o Cavaquinho, as Gaitas de Fole Portuguesas, o Adufe e a Voz.
Que sentimento têm ao pensar que a vossa música representa o País e, provavelmente, terá sempre maior destaque fora de portas do que em território nacional?
É verdade que temos tido bastante destaque fora de portas mas discordo que a nossa música não irá ter a mesma importância dentro de Portugal. Os portugueses estão cada vez mais a gostar deles mesmos e isso começa a notar-se em todas as áreas.
Por outro lado é muito bom tocar fora de Portugal e ter pessoas que não falam a nossa língua a trautear as nossas músicas.
A propósito, qual consideram ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?
Consideramos
muito bom em todas as áreas. Temos grandes artistas e músicos a fazer
coisas muito boas e interessantes e melhor ainda temos o público cada
vez mais receptivo aos artistas nacionais. Acho que é sempre bom ver o
que se passa no mundo mas temos artistas nacionais tão bons ou melhores
que os internacionais.
Consideram que
no vosso caso a Internet foi/é um motor no vosso desenvolvimento
enquanto banda, nomeadamente, no número de pessoas a que chegam,
especialmente no estrangeiro? Quais são os canais que utilizam de uma
forma mais activa para comunicarem com os vossos fãs?
Sim, a internet é sem dúvida uma ferramenta essencial nos dias que correm. Neste momento o facebook (http://www.facebook.com/pages/DAZKARIEH/) é a ferramenta de comunicação mais directa e activa. Depois claro o nosso site (http://www.dazkarieh.com) myspace (http://www.myspace.com/dazkarieh) e todos os meios disponíveis.
Têm estado sempre longe das grandes editoras. Opção, inevitabilidade do estilo musical ou conjectura económica? A distribuição tradicional ainda perdura ou as grandes editoras tornaram-se desnecessárias?
Nos primeiros discos foi mesmo opção. Mais para a frente ainda houve algum interesse mas que não deu em nada. Também há que perceber que as grandes editoras são empresas focadas no lucro e que querem é vender, não são propriamente agentes culturais. Apesar de acharmos que a nossa música pode chegar às massas, o que fazemos é original e diferente e como tal existe um resistência grande ao que é diferente, mesmo por aqueles que dizem que apostam em coisas diferentes.
Neste momento estamos com uma editora Alemã e temos a nossa música distribuída fisicamente na Alemanha, Inglaterra, Espanha e Portugal e a expandir para outros mercados. Digitalmente está em todo o mundo. Estamos muito satisfeitos com o trabalho em conjunto com eles.
Por outro lado é um facto que tudo mudou na indústria discográfica. Já não se vendem tantos discos e as grandes editoras estão a virar-se para os concertos. Hoje em dia as bandas já não necessitam de uma editora para fazer chegar a sua música às pessoas o que faz com que existam cada vez mais projectos interessantes e que se desenvolva mais a arte sem ter em vista só uma perspectiva comercial.
O Auto-financiamento é a única forma sustentável de produzir um disco e apostar numa carreira internacional ou terá forçosamente que ser o estado a apoiar em projectos como o “Portugal Music Export”?
No nosso caso e até agora foi sempre tudo auto financiado com excepção deste ultimo trabalho que teve um apoio da Sociedade Portuguesa de Autores. Felizmente foi criado o “Portugal Music Export” há semelhança do que já existe lá fora há muitos anos. Tenho esperança nesse projecto e acho que toda a música portuguesa vai beneficiar dele.
Que nomes colocavam no vosso "Festival Ideal"? (Vivos ou não)
Metallica, Muse, Ben Harper, Portishead, Queen (com o Freddy Mercury), Radiohead, NIN, Velha Gaiteira, Ornatos Violeta, Garmarna, Hedningarna, Lhasa. Quais são os vossos planos para os próximos meses? Por onde andarão?
Estaremos por Portugal a promover o nosso disco. Temos duas saídas: Suíça em Julho e Lituânia em Agosto. Estamos sempre em agitação interior por isso já se pensa em projectos próximos.
Que os Animal Collective são uma das bandas de referência do século XXI já se sabia, que Noah Lennox (aka Panda Bear) é um dos mais dotados músicos da actualidade também. Sobre viver em Lisboa e gravar discos perfeitos num pequena cave sombria é que ainda havia dúvidas que fosse possível. Mas, Noah aka Panda Bear demonstra cabalmente em «Tomboy» que isso é possível e eleva muitíssimo a fasquia!
Francisca Cortesão nasceu em 1983 no Porto e, desde cedo, que o seu gosto pela música despertou. Ainda não muito conhecida do grande público, a verdade é que o seu álbum de estreia enquanto singer-songwriter através do projecto «Minta & The Brook Trout»(disponível disco especial ao vivo AQUI) alcançou excelentes críticas nos media especializados, tendo feito parte de algumas das listas de melhores discos do Ano. Tendo-se iniciado nos Casino, colaborou com diversos músicos, sendo que o facto de ter sido escolhida pelo David Fonseca para substituir a Rita Redshoes na banda que acompanha o músico, constitui até agora o seu momento alto e que lhe conferiu alguma maior visibilidade.
Mas Francisca não pára e é uma mulher com sonhos. Recentemente, juntamente com três amigos, criou o projecto «They're Heading West» que pretende responder a um sonho de Francisca: tocar na costa Oeste dos EUA e Canadá, o que deverá acontecer lá para Setembro deste ano. O Eclectismo Musical esteve à conversa com Francisca e ficámos a conhecer melhor esta promissora artista.
Francisca Cortesão ou Minta? Como te vês e em que pele te sentes melhor enquanto artista?
“Minta” foi só um nome que surgiu na altura em que editei o meu primeiro EP, You, em 2008. E antes disso já fazia música, e usava o meu nome. E depois disso, em todos as bandas que não Minta & The Brook Trout em que colaboro, tenho usado sempre o meu nome. Francisca Cortesão, portanto, é como me sinto melhor. Acho sempre estranhíssimo quando alguém me chama Minta.
Como descobriste a música e a tua veia de «cantautora»?
Cresci numa família muito virada para as artes em geral e também para a música. As paredes da nossa casa estavam cheias de livros e de discos e muito cedo me começaram a levar ao cinema, a exposições e a concertos. Lembro-me de tocar no piano de casa da minha tia-avó antes de ir para a escola primária. Fui para a escola de música pelos dez anos. Por essa altura comecei também a inventar as primeiras canções, mas eram horríveis. A primeira que acho boa, “The Wonderful Miss D” foi escrita quando eu tinha para aí treze anos, para os Casino, a minha banda da altura.
Começaste a tua carreira mais a sério nos Casino. Já deu para perceberes se queres ser uma artista solitária, na acepção mais «singer-songwriter» clássica ou se preferes o "conforto" de pertencer a uma banda?
Gosto muito de tocar e de escrever canções. Tenho a sorte de saber que é isso que gosto mesmo de fazer na vida, e descobri-o muito cedo. Não quero de todo ser uma “artista solitária”, a única razão porque tive uma fase assim foi porque os Casino acabaram e de repente me vi sem banda, mas com canções que queria ver andar. Mas digo-te de caras que o grande prazer de fazer música vem de tocar com outras pessoas, e tenho tido a sorte de trabalhar com músicos maravilhosos nos últimos anos.
Lançaste em 2009, enquanto «Minta & The Brook Trout» o teu álbum de estreia, depois do muito bem recebido EP «You». Que balanço fazes do resultado desse lançamento? Para além das excelentes críticas na imprensa especializada sentiste ter chegado às pessoas?
Estou muito contente com o disco, e com a reacção das pessoas. Para além das críticas muito simpáticas aquilo que nos têm dito, nos concertos e através da internet, têm sido só coisas boas. Foi também isso que me levou a querer fazer um espectáculo especial, com convidados, e um novo disco a partir desse concerto. Sai finalmente no dia 11 de Abril (só em formato digital) e chama-se Carnide, em honra da freguesia em que fica o Teatro da Luz, onde gravámos a 19 de Dezembro do ano passado.
A propósito, qual consideras ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?
De alguma maneira, acho que estamos melhor que nunca. Há muita gente a fazer coisas interessantes, e muito diversas. E apesar de as editoras grandes não estarem em condições de apostar em muitos artistas novos, as bandas têm agora outras maneiras de fazer chegar a música às pessoas. A única coisa que espero que venha a melhorar é o número e a variedade de salas para fazer concertos.
Chegaste ao conhecimento das pessoas através das novas tecnologias, quais os canais que continuas a utilizar de uma forma mais activa para comunicares com os teus fãs?
Acho que não tenho propriamente fãs! Mas, neste momento, comunico com as pessoas que nos ouvem sobretudo através do Facebook, para além do meu site (www.minta.me), que actualizo regularmente, e da newsletter que envio sempre que há concertos ou outras novidades. Para partilhar música uso o Bandcamp e o SoundCloud, dois sites que funcionam muitíssimo bem. No início o MySpace foi muito importante, foi como comecei a mostrar as canções, mas neste momento está meio moribundo.
Qual é a ordem do teu processo criativo? Tens um método ou varia consoante o momento?
Nem te consigo responder essa pergunta, de tão anárquico o meu “processo criativo”…
Como é a vida profissional/académica da Francisca Cortesão para além dos «alter-egos» musicais?
Vida académica já não tenho, terminei há dois anos um mestrado em Edição de Texto pela FSCH da Universidade Nova de Lisboa e não penso voltar a estudar tão cedo. Fora a música, a actividade profissional que me dá mais gozo é traduzir.
Que nomes colocavas no teu "Festival Ideal"? (Vivos ou não)
Só vivos. Um festival muito calmo com Laura Veirs, Gillian Welch, Conor Oberst, Joanna Newsom, Andrew Bird, Beth Orton.
Estás neste momento a lançar, mais uma vez com o apadrinhamento do Henrique Amaro e da Antena 3, o projecto "They're Heading West". Queres explicar a ideia e o rumo que pretendem tomar?
O rumo é oeste! A banda foi formada com o intuito de ir tocar à Costa Oeste dos EUA e Canadá. Sempre quis ir tocar a essa parte do mundo, que é de onde vem quase toda a cultura que consumo. E muito melhor do que ir sozinha tocar as minhas canções é ir com três amigos – o Sérgio Nascimento, o João Correia e a Mariana Ricardo – e tocar canções de todos. Vamos, se tudo correr bem, em Setembro. Até lá, e desde Fevereiro, que foi quando criámos esta ideia de They’re Heading West estamos a fazer um concerto por mês no bar da Barraca, em Lisboa, sempre com uma banda ou artista convidado. O Henrique Amaro convidou-nos para gravar um “concerto de bolso” para a Antena 3 e daí resultou uma espécie de EP de seis músicas, duas minhas (de Minta), duas da Mariana e duas do João (de Julie & The Carjackers).
Quando olhas para ti consegues dizer: "este vai ser o meu plano de carreira", ou entendes a criação sobretudo como fruição?
Não consigo pensar “este vai ser o meu plano de carreira”, mas porque em geral não consigo pensar a longo prazo. As coisas tem vindo a acontecer, primeiro Casino, depois Minta & The Brook Trout, tocar com o David Fonseca, They’re Heading West, tocar com o B Fachada. Vou andando e vendo, sem fazer grandes planos. Para já está a funcionar bem!
Para terminar, qual é a pergunta que nunca te fizeram numa entrevista e a que sempre quiseste responder?
Não faço ideia. É essa a graça das entrevistas, não sou eu que penso nas perguntas!
Em tempos de regresso do FMI a Portugal, a tristemente famosa corrente de opinião dominante, de que, em Portugal, só existem artistas medíocres e onde só sobra espaço para a falta (questionável) de bom gosto e de classe, vive dias de glória. No entanto, aqui no Eclectismo Musical sempre se acreditou, defendeu e divulgou o contrário! Na verdade, existem muitíssimos artistas portugueses com elevado potencial, sendo que, nem todos têm a sorte, a dedicação e as possibilidades de transformar esse potencial em algo de relevo.
Ora, Adriana, felizmente teve tudo isto e o seu segundo álbum «O Que Tinha de Ser» é do mais fino recorte artístico, configurando-se obrigatoriamente como um dos melhores álbuns de 2011.
Adriana, que é filha do grande divulgador do Jazz em Portugal - José Duarte - desde cedo conviveu com um gosto musical apurado e isso influenciou marcadamente o seu crescimento. Este «O Que Tinha de Ser» apresenta uma Adriana muitíssimo mais madura e segura do seu percurso criativo e artístico em relação a «Adriana», o seu álbum de estreia, gravado nos Estados Unidos em 2009.
Artista completa - compõe, escreve as letras, interpreta e ainda toca piano, guitarra e flauta, o seu instrumento de formação - deambulando por entre o Pop Jazz e a World Music.Cantando, pela primeira vez, músicas de outros autores e escolhendo ,como não podia deixar de ser, os grandes: «O Que Tinha de Ser» de Vinicius de Moraes e António Carlos Jobim e «Acércate Más» de Osvaldo Farrés.
Em 2002, estando em Paris, participa numa audição integrada na Berklee World Scholarship Tour, que tem como objectivo seleccionar, a nível mundial, novos talentos na área da música. Foi-lhe então atribuída uma bolsa para estudar na Berklee College Of Music, em Boston, onde se forma com distinção, em 2005, e onde, evolui significativamente enquanto cantora e «ser musical». Mais um enorme talento nacional a acompanhar!
Ludovico Einaudi é um dos melhores compositores e pianistas da música clássica contemporânea. Apelidado por vezes do «homem do piano que fala». Einaudi tem consolidado a sua carreira através de longas e dedicadas digressões esgotando as maiores e mais respeitadas salas da Europa. Recentemente, foi lançado este live album «The Royal Albert Hall Concert» que é uma excelente porta de entrada para todos os que querem conhecer a genialidade deste compositor italiano, servindo igualmente de resumo de carreira e de consagração para os seus fieis apreciadores de sempre
numa edição especial composta por 2CD e DVD.
A calma, a contemplação, a mestria estão aqui largamente presentes e merecem os rasgados aplausos da plateia. O público português vai ter oportunidade de assistir ao vivo a este concerto, no dia 15 de Abril, no Centro Cultural Olga Cadaval em Sintra, num espectáculo a não perder!
Ana Gomes Ferreira nasceu em Cascais, filha de pai português e mãe inglesa e cedo começou a estudar numa escola internacional o que lhe conferiu um excelente nível de inglês. Apesar de ser licenciada em Economia, Ana, - Free - de nome artístico, é um fenómeno musical nascido em 2007 no Youtube (tendo quase 3 milhões de visualizações) e dedica-se neste momento por inteiro à sua carreira vivendo em Londres.
Desde 2008 que o número de visualizações dos seus vídeos, garantiam-lhe a visibilidade necessária para ter uma carreira. no mundo da música, tendo já participado em inúmeros programas de Rádio, Televisão e Festivais de Música.
O Eclectismo Musical acompanha o percurso desta jovem desde 2007 e esteve recentemente à conversa com Ana Free para a ficarmos a conhecer melhor.
O que pensaste no dia 7 de Janeiro de 2007 quando decidiste criar o teu canal do Youtube e fazer o upload de «Strong enough to be my man!» de Sheryl Crow e «When you love someone» de Bryan Adams?
Ana Free: Não foi nada além de um momento divertido para mim. Foi muito inocente, não tive expectativas de nada e não esperei que tivesse tanto impacto!
Um dia depois fizeste o Upload de «Questions In My Mind» que conta com mais de 700 mil visualizações e que é o teu primeiro grande sucesso. Nesse momento era prazer, aposta ou estratégia planeada a forma como encaravas esses videos?
Ana Free: Nesse momento, o pensamento foi como ainda é hoje em dia. Publico os vídeos que mais gosto e as músicas que escrevo com a intenção de partilhá-las com o mundo. Acho que há um certo método para tudo mas nunca chega a ser algo premeditado.
Em Março de 2007, o Eclectismo Musical fazia um post (http://eclectismomusical.blogspot.com/2007/03/free-world.html) onde chamava a atenção para um novo fenómeno a que deu curiosamente o nome de «Free (World)», quatro anos depois, que balanço fazes de tudo o que aconteceu na tua carreira?
Ana Free:Estou contente com a minha vida agora, tenho sonhos muito grandes por isso tenho a certeza que as coisas não vão ficar por aqui. Ainda tenho muito mais para aprender e escrever!
«Chained» foi a tua primeira música a ter mais de 1 Milhão de visualizações no Youtube, composta aos 16 anos esta era a tua forma de comunicar com o mundo? Desde quando é que sentes uma vontade, diria, quase compulsiva de criar músicas e que te faz ter várias centenas de originais?
Ana Free: Quando tinha 16 anos o meu mundo era uma mistura de emoções e experiências. Por um lado, vivia num ambiente muito estável, tinha a minha vida familiar, escolar e havia um rotina. Por outro lado, estava a descobrir o meu rumo pessoal, a tentar encontrar as minhas identidades na vida. Sempre escrevi sobre as minhas experiências, é uma coisa que sempre me veio naturalmente.
Recentemente estiveste no Brasil onde participaste no DVD da dulpa «Claus e Vanessa», como foi a experiência?
Ana Free:A experiência foi incrível. Adorei estar com o Claus e a Vanessa, trabalhar com a equipa toda e conhecer o Brasil. Fui sozinha, e como tenho medo de andar de avião, passar quase 12 horas sozinha no ar foi uma pequena vitoria para ajudar a superar esse medo! Como não tinha ninguém que conhecesse comigo, tive que me orientar e habituar rapidamente e dar a volta à ansiedade da viajem e do projecto. Adorei, e repetia tudo outra vez se pudesse!
Qual é a ordem do teu processo criativo? Tens um método ou varia consoante o momento?
Ana Free:Esta pergunta é sempre um bocado difícil porque a resposta nunca é muito concreta. Quando era mais nova, e a minha vida tinha mais rotina de estar em casa e andar na escola, o processo criativo partia sempre da guitarra. Tocava uns acordes e cantava o que me vinha à cabeça. Hoje em dia, como viajo muito, é mais difícil encontrar essa tal estabilidade e por isso agora tenho que encontrar maneiras mais criativas de escrever e compor como por exemplo, gravar uma ideia no telemóvel ou escrever a letra e depois a música.
Como é a vida profissional/académica da Ana Ferreira para além da Ana Free?
Ana Free:Gosto muito de seguir as notícias, e sou um pouco viciada em aprender. Acho que nunca vou largar esse amor pela educação. Um dia quero criar uma organização para ajudar crianças e famílias desfavorecidas, para que eles possam ter as mesmas oportunidades e acesso a uma educação decente e boa.
Que nomes colocavas no teu "festival ideal"? (Vivos ou não)
Ana Free: Jessie J, Shakira, Aerosmith, Taylor Swift, Beyoncé, Linkin Park, Sam Cooke, Rui Veloso, Pixie Lott, Pink e Ana Free claro!
Chegaste ao conhecimento das pessoas através das novas tecnologias, quais os canais que continuas a utilizar de uma forma mais activa para comunicares com os teus fãs?
Tens planos de carreira muito definidos? Sabes onde gostavas de chegar?
Ana Free: Os meus planos estão cada vez mais definidos. Tenho mais noção daquilo que tem que ser feito para alcançar os meus sonhos e acredito que sem uma direcção concreta, é muito difícil chegar ao topo. Tenho o meu plano A até o plano Z!
Qual é a pergunta que nunca te fizeram numa entrevista e a que sempre quiseste responder?
Ana Free: Gosto que as minhas entrevistas sejam interessantes e inovadoras e que as perguntas sejam bem pesquisadas, evitando perguntas repetidas, de maneira a aprender algo mais profundo sobre o artista. Nunca pensei em nenhuma pergunta específica, gosto de estar à conversa e ver no que dá!
Fado. Uma palavra muitas vezes elevada a expoente de um País, muitas vezes colocada na lama e como representação do bafio político de anos e anos de cinzentismo. Mas, sem complexos, tal como existe o Tango, o Flamenco, a MPB, etc, Portugal tem no Fado o seu estilo musical mais representativo e existe indubitavelmente uma nova geração de novos nomes de enorme qualidade. Os da velha guarda dirão:"o Fado virou moda e perdeu-se a alma mais verdadeira, o sentimento mais profundo, a verdade mais absoluta". Cuca (Isabel) Roseta definirá no seu «A arte de Cuca» Fado como: "Verdade, Emoção, Comoção, O Corpo é o Cálice da Alma (...) Fado é verdade"
Cuca Roseta é um reflexo da geração a que pertence, aos 29 anos, já cantou nos Toranja de Tiago Bettencourt, já foi a voz de um célebre anúncio em que o «venha cá» ficou famoso, gosta de System of the Down, Queen, Red Hot Chili Peppers, mas também de Michael Bolton e conheceu o Fado aos 18 anos e, de uma forma surpreendentemente descomplexada, pura e verdadeira percebeu que «Aquilo» era a melhor de todas as músicas e que era «isso» que gostaria de conhecer melhor.
Apesar de ser mãe solteira, o trabalho nas casas de Fado abriu-lhe as portas do mundo quando, por casualidade, Gustavo Santaolalla, produtor de Juanes e dos Bajofondo e vencedor de dois Óscares pelas bandas sonoras dos filmes «O Segredo de Brokeback Mountain» e «Babel» a ouviu cantar e lhe disse para deixar a Psicologia e o estágio que se preparava para iniciar e para se dedicar em exclusivo à música. E assim aconteceu, e assim é verdade, uma enorme verdade!
No já longínquo dia 5 de Abril de 1994 desapareceu um dos maiores ícones da música do século XX. O frontman dos Nirvana era, tal como muitos outros que o antecederam, um génio conturbado, cheios de vícios de corpo e de alma. A notícia foi dada assim em Portugal:
Ficou o seu legado, a sua obra e a sua genialidade.