Tuesday, April 26, 2011

[ENTREVISTA] Dazkarieh

Os Dazkarieh são um dos projectos mais interessantes da música portuguesa, contando com mais de 12 anos de carreira e fazendo um som de fusão entre o Rock e a Música Tradicional Portuguesa.

Recentemente lançaram o seu quinto álbum: «Ruído do Silêncio», que é uma clara afirmação e confirmação de uma identidade muito própria, que começa na escolha do nome e que se prolonga por todo o universo criativo da banda.

O Eclectismo Musical esteve à conversa com Vasco Ribeiro Casais para conhecer melhor o trajecto e as ideias dos Dazkarieh.




A incontornável primeira pergunta: porquê Dazkarieh?


Porque queríamos ter um nome que fosse só associado a nós e para isso criámos uma palavra de raiz que significa a nossa música e a nossa energia em palco.
Doze anos depois, onde estão e para onde querem ir os Dazkarieh?

Estão numa fase de grande confiança, em que já têm um público sólido (dentro e fora de Portugal) que segue a banda e começam agora a chegar a a cada vez mais pessoas. Como objectivos futuros, o nosso objectivo é o mundo! Queremos continuar a fazer a música que gostamos e a partilhá-la com as pessoas.


Recentemente lançaram «Ruído do Silêncio», álbum que parece ser aquele que melhor vos representa enquanto banda de fusão entre a música tradicional portuguesa e o Pop/Rock, partilham desta visão?

Sim, é sem dúvida o nosso melhor disco, em que as nossas ideias foram mais claramente expressas e em que sentimos a consolidação do nosso som. Podemos dizer que já temos um som que nos define e que realmente é essa fusão entre a música de tradição oral e o rock mas não só, é também a nossa identidade enquanto seres humanos e artistas.
Como funciona o processo criativo dos Dazkarieh? De que forma é feita a recolha dos temas e a sua transposição para a linguagem Dazkarieh?

O que fazemos é ouvir durante bastante tempo várias recolhas e progressivamente escolher as que mais ligação têm connosco. Depois depende muito da música e do que sentimos com ela. Vamos experimentando vários instrumentos e várias abordagens até chegarmos ao que se ouve nos discos. Por vezes as coisas são imediatas, em horas temos o tema pronto na sua versão final.

Em relação aos temas originais primeiro criamos a melodia principal, depois a Joana escreve a letra e com base na letra fazemos o arranjo. É em muito semelhante aos temas tradicionais e há músicas que são imediatas e outras que requerem mais tempo de gestação.
 





 









Do vosso som resulta um enorme cuidado na selecção dos instrumentos e na sua conjugação. Sempre tiveram como objectivo fundamental pegar em instrumentos de diversos locais do mundo (e não apenas nos instrumentos tradicionais portugueses), ou foi algo que veio a acontecer no decorrer do processo criativo?


Numa fase inicial estávamos mais virados para todo o mundo mas com o tempo achámos que fazia mais sentido explorar a nossa tradição e os nossos instrumentos e progressivamente vamos utilizando mais instrumentos portugueses. Neste momento o único instrumento estrangeiro é a Nyckelharpa, de resto usamos o Cavaquinho, as Gaitas de Fole Portuguesas, o Adufe e a Voz.

Que sentimento têm ao pensar que a vossa música representa o País e, provavelmente, terá sempre maior destaque fora de portas do que em território nacional?

É verdade que temos tido bastante destaque fora de portas mas discordo que a nossa música não irá ter a mesma importância dentro de Portugal. Os portugueses estão cada vez mais a gostar deles mesmos e isso começa a notar-se em todas as áreas. Por outro lado é muito bom tocar fora de Portugal e ter pessoas que não falam a nossa língua a trautear as nossas músicas.



A propósito, qual consideram ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?

Consideramos muito bom em todas as áreas. Temos grandes artistas e músicos a fazer coisas muito boas e interessantes e melhor ainda temos o público cada vez mais receptivo aos artistas nacionais. Acho que é sempre bom ver o que se passa no mundo mas temos artistas nacionais tão bons ou melhores que os internacionais.

Consideram que no vosso caso a Internet foi/é um motor no vosso desenvolvimento enquanto banda, nomeadamente, no número de pessoas a que chegam, especialmente no estrangeiro? Quais são os canais que utilizam de uma forma mais activa para comunicarem com os vossos fãs?

Sim, a internet é sem dúvida uma ferramenta essencial nos dias que correm. Neste momento o facebook (http://www.facebook.com/pages/DAZKARIEH/) é a ferramenta de comunicação mais directa e activa. Depois claro o nosso site (http://www.dazkarieh.com) myspace (http://www.myspace.com/dazkarieh) e todos os meios disponíveis.



















Têm estado sempre longe das grandes editoras. Opção, inevitabilidade do estilo musical ou conjectura económica? A distribuição tradicional ainda perdura ou as grandes editoras tornaram-se desnecessárias?


Nos primeiros discos foi mesmo opção. Mais para a frente ainda houve algum interesse mas que não deu em nada. Também há que perceber que as grandes editoras são empresas focadas no lucro e que querem é vender, não são propriamente agentes culturais. Apesar de acharmos que a nossa música pode chegar às massas, o que fazemos é original e diferente e como tal existe um resistência grande ao que é diferente, mesmo por aqueles que dizem que apostam em coisas diferentes. Neste momento estamos com uma editora Alemã e temos a nossa música distribuída fisicamente na Alemanha, Inglaterra, Espanha e Portugal e a expandir para outros mercados. Digitalmente está em todo o mundo. Estamos muito satisfeitos com o trabalho em conjunto com eles.

Por outro lado é um facto que tudo mudou na indústria discográfica. Já não se vendem tantos discos e as grandes editoras estão a virar-se para os concertos. Hoje em dia as bandas já não necessitam de uma editora para fazer chegar a sua música às pessoas o que faz com que existam cada vez mais projectos interessantes e que se desenvolva mais a arte sem ter em vista só uma perspectiva comercial.

O Auto-financiamento é a única forma sustentável de produzir um disco e apostar numa carreira internacional ou terá forçosamente que ser o estado a apoiar em projectos como o “Portugal Music Export”?

No nosso caso e até agora foi sempre tudo auto financiado com excepção deste ultimo trabalho que teve um apoio da Sociedade Portuguesa de Autores. Felizmente foi criado o “Portugal Music Export” há semelhança do que já existe lá fora há muitos anos. Tenho esperança nesse projecto e acho que toda a música portuguesa vai beneficiar dele.



Que nomes colocavam no vosso "Festival Ideal"? (Vivos ou não)

Metallica, Muse, Ben Harper, Portishead, Queen (com o Freddy Mercury), Radiohead, NIN, Velha Gaiteira, Ornatos Violeta, Garmarna, Hedningarna, Lhasa.


Quais são os vossos planos para os próximos meses? Por onde andarão?

Estaremos por Portugal a promover o nosso disco. Temos duas saídas: Suíça em Julho e Lituânia em Agosto. Estamos sempre em agitação interior por isso já se pensa em projectos próximos.

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Eclectismo Musical: [ENTREVISTA] Dazkarieh

[ENTREVISTA] Dazkarieh

Os Dazkarieh são um dos projectos mais interessantes da música portuguesa, contando com mais de 12 anos de carreira e fazendo um som de fusão entre o Rock e a Música Tradicional Portuguesa.

Recentemente lançaram o seu quinto álbum: «Ruído do Silêncio», que é uma clara afirmação e confirmação de uma identidade muito própria, que começa na escolha do nome e que se prolonga por todo o universo criativo da banda.

O Eclectismo Musical esteve à conversa com Vasco Ribeiro Casais para conhecer melhor o trajecto e as ideias dos Dazkarieh.




A incontornável primeira pergunta: porquê Dazkarieh?


Porque queríamos ter um nome que fosse só associado a nós e para isso criámos uma palavra de raiz que significa a nossa música e a nossa energia em palco.
Doze anos depois, onde estão e para onde querem ir os Dazkarieh?

Estão numa fase de grande confiança, em que já têm um público sólido (dentro e fora de Portugal) que segue a banda e começam agora a chegar a a cada vez mais pessoas. Como objectivos futuros, o nosso objectivo é o mundo! Queremos continuar a fazer a música que gostamos e a partilhá-la com as pessoas.


Recentemente lançaram «Ruído do Silêncio», álbum que parece ser aquele que melhor vos representa enquanto banda de fusão entre a música tradicional portuguesa e o Pop/Rock, partilham desta visão?

Sim, é sem dúvida o nosso melhor disco, em que as nossas ideias foram mais claramente expressas e em que sentimos a consolidação do nosso som. Podemos dizer que já temos um som que nos define e que realmente é essa fusão entre a música de tradição oral e o rock mas não só, é também a nossa identidade enquanto seres humanos e artistas.
Como funciona o processo criativo dos Dazkarieh? De que forma é feita a recolha dos temas e a sua transposição para a linguagem Dazkarieh?

O que fazemos é ouvir durante bastante tempo várias recolhas e progressivamente escolher as que mais ligação têm connosco. Depois depende muito da música e do que sentimos com ela. Vamos experimentando vários instrumentos e várias abordagens até chegarmos ao que se ouve nos discos. Por vezes as coisas são imediatas, em horas temos o tema pronto na sua versão final.

Em relação aos temas originais primeiro criamos a melodia principal, depois a Joana escreve a letra e com base na letra fazemos o arranjo. É em muito semelhante aos temas tradicionais e há músicas que são imediatas e outras que requerem mais tempo de gestação.
 





 









Do vosso som resulta um enorme cuidado na selecção dos instrumentos e na sua conjugação. Sempre tiveram como objectivo fundamental pegar em instrumentos de diversos locais do mundo (e não apenas nos instrumentos tradicionais portugueses), ou foi algo que veio a acontecer no decorrer do processo criativo?


Numa fase inicial estávamos mais virados para todo o mundo mas com o tempo achámos que fazia mais sentido explorar a nossa tradição e os nossos instrumentos e progressivamente vamos utilizando mais instrumentos portugueses. Neste momento o único instrumento estrangeiro é a Nyckelharpa, de resto usamos o Cavaquinho, as Gaitas de Fole Portuguesas, o Adufe e a Voz.

Que sentimento têm ao pensar que a vossa música representa o País e, provavelmente, terá sempre maior destaque fora de portas do que em território nacional?

É verdade que temos tido bastante destaque fora de portas mas discordo que a nossa música não irá ter a mesma importância dentro de Portugal. Os portugueses estão cada vez mais a gostar deles mesmos e isso começa a notar-se em todas as áreas. Por outro lado é muito bom tocar fora de Portugal e ter pessoas que não falam a nossa língua a trautear as nossas músicas.



A propósito, qual consideram ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?

Consideramos muito bom em todas as áreas. Temos grandes artistas e músicos a fazer coisas muito boas e interessantes e melhor ainda temos o público cada vez mais receptivo aos artistas nacionais. Acho que é sempre bom ver o que se passa no mundo mas temos artistas nacionais tão bons ou melhores que os internacionais.

Consideram que no vosso caso a Internet foi/é um motor no vosso desenvolvimento enquanto banda, nomeadamente, no número de pessoas a que chegam, especialmente no estrangeiro? Quais são os canais que utilizam de uma forma mais activa para comunicarem com os vossos fãs?

Sim, a internet é sem dúvida uma ferramenta essencial nos dias que correm. Neste momento o facebook (http://www.facebook.com/pages/DAZKARIEH/) é a ferramenta de comunicação mais directa e activa. Depois claro o nosso site (http://www.dazkarieh.com) myspace (http://www.myspace.com/dazkarieh) e todos os meios disponíveis.



















Têm estado sempre longe das grandes editoras. Opção, inevitabilidade do estilo musical ou conjectura económica? A distribuição tradicional ainda perdura ou as grandes editoras tornaram-se desnecessárias?


Nos primeiros discos foi mesmo opção. Mais para a frente ainda houve algum interesse mas que não deu em nada. Também há que perceber que as grandes editoras são empresas focadas no lucro e que querem é vender, não são propriamente agentes culturais. Apesar de acharmos que a nossa música pode chegar às massas, o que fazemos é original e diferente e como tal existe um resistência grande ao que é diferente, mesmo por aqueles que dizem que apostam em coisas diferentes. Neste momento estamos com uma editora Alemã e temos a nossa música distribuída fisicamente na Alemanha, Inglaterra, Espanha e Portugal e a expandir para outros mercados. Digitalmente está em todo o mundo. Estamos muito satisfeitos com o trabalho em conjunto com eles.

Por outro lado é um facto que tudo mudou na indústria discográfica. Já não se vendem tantos discos e as grandes editoras estão a virar-se para os concertos. Hoje em dia as bandas já não necessitam de uma editora para fazer chegar a sua música às pessoas o que faz com que existam cada vez mais projectos interessantes e que se desenvolva mais a arte sem ter em vista só uma perspectiva comercial.

O Auto-financiamento é a única forma sustentável de produzir um disco e apostar numa carreira internacional ou terá forçosamente que ser o estado a apoiar em projectos como o “Portugal Music Export”?

No nosso caso e até agora foi sempre tudo auto financiado com excepção deste ultimo trabalho que teve um apoio da Sociedade Portuguesa de Autores. Felizmente foi criado o “Portugal Music Export” há semelhança do que já existe lá fora há muitos anos. Tenho esperança nesse projecto e acho que toda a música portuguesa vai beneficiar dele.



Que nomes colocavam no vosso "Festival Ideal"? (Vivos ou não)

Metallica, Muse, Ben Harper, Portishead, Queen (com o Freddy Mercury), Radiohead, NIN, Velha Gaiteira, Ornatos Violeta, Garmarna, Hedningarna, Lhasa.


Quais são os vossos planos para os próximos meses? Por onde andarão?

Estaremos por Portugal a promover o nosso disco. Temos duas saídas: Suíça em Julho e Lituânia em Agosto. Estamos sempre em agitação interior por isso já se pensa em projectos próximos.

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