Hotel Rwanda
AVISO: Post Longíssimo, que extravasa largamente o conceito habitual desde blog.
Existem duas formas de se olhar para este filme. Por um lado temos a história de um Homem que pela sua força, tenacidade e inteligência conseguiu transformar-se num verdadeiro herói (de carne e osso e não recorrendo a super poderes), protegendo a sua família e tendo a coragem de salvar mais de um milhar de refugiados. Por outro lado, este filme apresenta uma visão crua e verdadeira do que foi uma das maiores tragédias da história da humanidade, a que o mundo assistiu, indiferente, com enorme desprezo, sem que tenha havido vontade política, ou quaisquer interesses económicos que justificassem uma intervenção séria e eficaz das potências mundiais.
A acção deste filme decorre em 1994 no Ruanda, um país dividido pelos conflitos étnicos entre Hutus e Tutsis. O Genocídio que em apenas 100 dias, provocou cerca de um milhão de vítimas é, resultado das seculares tensões etnicas africanas, e em grande parte, fruto das trágicas consequências a que o continente Africano ficou sujeito, desde que os invasores estrangeiros ocuparam o continente e o resolveram partilhar artificialmente e, por vezes, arbitrariamente.
Numa população maioritariamente de etnia Hutu, aquando da Conferência de Berlim e esquartejamento do continente africano, o Ruanda ficou sob o jugo opressor do domínio alemão, e posteriormente, com a derrota alemã na I Guerra Mundial, foi ocupado pelos belgas que transformaram a etnia Tutsi, minoritária, na elite económica, política e militar.
Belgas esses que, em 1926, instituíram um sistema de identificação étnica diferenciando Tutsis de Hutus. A situação agravou-se quando em 1961-62, em consequência do processo global de descolonização os Belgas abandonaram o país, passando o Ruanda a ser um país independente. A partir desse momento as lutas étnicas acentuaram-se e assistiu-se a uma escalada de violência. A etnia Tutsi, até esse momento detentora do poder pela sua relação estreita e esquema de protecção mútua com os Belgas, viu-se obrigada a fugir em massa. Era a revolta da maioria Hutu, oprimida e explorada durante muitíssimos anos pela minoria Tutsi, em conjunto com os estrangeiros invasores.
O domínio Hutu manteve-se e foi-se acentuando ao longo dos anos, tendo provocado um exílio em massa da etnia Tutsi. Até que, em Outubro de 1990, guerrilhas da Frente Patriótica do Ruanda (FPR) compostas por Tutsis, que se encontravam exilados no Uganda, invadiu o país provocando uma enorme instabilidade, que veio a ser, momentaneamente, ultrapassada com o acordo de cessar-fogo de Março de 1991. Durante este período de conflito, foram mortos milhares de Tutsis em diversos massacres um pouco por todo o país, tendo paralelamente o exército formado as milícias Hutus - «interahamwe militia».
Em Agosto de 1993, foi assinado entre o presidente Hutu Habyarimana e as FPR um acordo de paz e foram enviados 2500 capacetes azuis, para assegurar e implementar o tratado de paz. Tal acordo não era bem visto pelos extremistas Hutus - «interahamwe militia», que em 6 de Abril de 1994, orquestraram um atentado que provocou a morte ao presidente Habyarimana.
Começou nesse dia a matança organizada de toda a elite Tutsi, bem como dos moderados Hutus, contando com o apoio logístico da rádio RTML. Como demasiadas vezes acontece (lembre-se o caso da Somália), as Nações Unidas não conseguiram reagir a tempo e a sua acção no terreno foi inconsequente e extremamente ineficaz.
Três dias depois, os governos estrangeiros enviaram tropas para evacuar os seus cidadãos. Nenhum cidadão natural do Ruanda foi salvo. No dia 21 de Abril, o Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu, por unanimidade, retirar os capacetes azuis do terreno.
De 28 de Abril a 17 de Maio de 1994, os Estados Unidos utilizaram diversos mecanismos de negação e não admitiam a utilização da palavra Genocídio. Nesse dia o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução de envio de 5500 capacetes azuis para o Ruanda, admitindo pela primeira vez que «podiam ter sido cometidos actos de genocídio».
Em Maio de 1994, a Cruz Vermelha relatava já ter sido assassinados mais de 500 Mil Tutsis. Em 22 de Junho de 1994, as forças da ONU ainda não tinham sido enviadas para o Ruanda. O Conselho de Segurança autoriza o deslocamento para o terreno de tropas francesas, com o objectivo de criar uma zona de segurança. No entretanto, a matança continua.
No mês de Julho de 1994, os rebeldes Tutsis das FPR conseguem finalmente capturar o líder dos extremistas Hutus - «interahamwe militia» e o Genocídio termina. Num período de 100 dias, quase UM MILHÃO de pessoas foram assassinadas, sem que nenhuma força internacional, ou algum estado amigo de guerras preventivas, tivesse feito alguma coisa para o evitar.
Página Oficial (com informação detalhada sobre a história real)
TrailerInternational Fund for RwandaBanda Sonora:
Alinhamento:
1.Mama Ararira (Medley)
2.Mwali We! - Dorothee Munyaneza 3. Million Voices - Wyclef Jean 4. Interhamwe Attack
5. Nobody Cares - Deborah Cox 6. Umqombothi (African Beer)
7. Road to Exile - Afro Celt Sound System 8. Whispered Song
9. Finale
10. Ambush
11. Ne Me Laisse Pas Seule Ici (Don't Leave Me Here by Myself) 12. Mwari Sigaramahoro
13. Olugendo Lw'e Bulaya (The Journey to Europe) - Bernard Kabanda 14. Children Found
15. Icyibo - Dorothee Munyaneza