Thursday, October 20, 2011

[Entrevista] Old Jerusalem

Entre a análise de riscos financeiros e o folk, Francisco Silva vai construindo a sua sólida carreira musical através do seu alterego Old Jerusalem. Com dez anos de carreira e cinco álbuns editados, este singer-songwriter português com nome de música do mestre Will Oldham (Bonnie 'Prince' Billy) continua a caminhar por ambientes calmos, enternecedores e de uma pureza apaziguadora. Um eterno prossecutor do bom gosto, Francisco Silva regressa às origens mais puras e apresenta composições fortes, onde o lirismo e o cuidado com as palavras sobressai como linha mestra, sempre devidamente acompanhado pelo doce dedilhar da sua guitarra acústica.
Recentemente, Francisco Silva editou o seu quinto disco de originais enquanto Old Jerusalem e o Eclectismo Musical esteve à conversa com o músico para o ficarmos a conhecer um pouco melhor.



Eclectismo Musical: Dez anos depois da estreia do projecto, chegar ao álbum homónimo é como que um regressar às origens?
Old Jerusalem: Só numa perspectiva “simbólica”, o álbum que fizemos é, na minha perspectiva, suficientemente distinto das origens do projecto para ser um passo em direcção ao futuro, não um olhar sobre o passado.

EM: Em jeito humorístico, enquanto analista de riscos financeiros, a TROIKA teve alguma influência no resultado final do teu novo álbum, ou o alterego tem suficiente independência para não se deixar influenciar?
Old Jerusalem: A troika não influenciou o conteúdo do disco, não, até porque o essencial do álbum foi registado antes da sua vinda. :)




EM: «Old Jerusalem» (editado no dia 19 de Setembro) entrará directamente para a prateleira do folk de câmara (Will Oldham a flutuar suavemente nas entrelinhas), num estilo de composição introspectivo e, digamos, clássico. Ainda que com uma narrativa, por vezes, alegórica, este é um “álbum-conceito”?

Old Jerusalem: Não, não há nenhum elemento comum subjacente a este conjunto de canções que permita vê-lo como um álbum conceptual, sob qualquer perspectiva.

EM: O tipo de música do projecto «Old Jerusalem» é algo sem grande tradição em Portugal, nomeadamente cantada em inglês. Mas, ao contrário de outros projectos portugueses recentes do âmbito indie/singer-songwriter, não chegam relatos da internacionalização (ainda que parcial) do teu alterego. A carreira internacional não é algo em que penses?
Old Jerusalem: Sim, foi um objectivo desde o início e continua a sê-lo. Não temos conseguido resultados concretos sustentáveis, mas continuamos com as “investidas”. Este disco, p. Ex., terá distribuição na Alemanha a partir de Novembro 2011 e estamos a desenvolver trabalho de promoção local. Os resultados, como sempre, são incertos, mas vamos insistindo no assunto.




EM: A propósito, qual consideras ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?
Old Jerusalem: Em termos criativos continuam a surgir várias bandas, promotoras e editoras que vão mantendo actividade regular e angariando seguidores, pelo que se sente alguma vitalidade. Em termos de negócio, como em praticamente todo o lado, as perspectivas não são as mais interessantes.

EM: Nos tempos que correm, a Internet é uma ferramenta incontornável. Quais são os canais que utilizas de uma forma mais activa para comunicares com os teus fãs?


Old Jerusalem: Sou pouco dado ao desenvolvimento de uma existência “online” J, mas mantemos uma página de facebook dedicada a Old Jerusalem, lançamos recentemente o site www.oldjerusalem.net , que esperamos vir a desenvolver ao longo do tempo e há sempre informação disponível sobre o projecto na página da PAD (www.pad-online.com).





EM: Que nomes colocavas no teu "Festival Ideal"? (Vivos ou não)

Old Jerusalem: Aquelas bandas que neste momento gostaria de ver. Hoje seriam, p.ex., Feist, Grand Salvo, Talons’, The Besnard Lakes, Josh T Pearson, entre outros.

EM: Se tivesses que identificar os 5 melhores álbuns de sempre, qual era a tua escolha? E porquê?

Old Jerusalem: É uma pergunta demasiado difícil. Um disco clássico deve conjugar excelente escrita, excelente interpretação, excelente som e preferencialmente (mas é facultativo) uma dose de originalidade, além de um qualquer carisma que os torna únicos mas que ninguém sabe de onde vem.

Alguns dos discos que considero estarem próximos desse ideal são:

“I see a darkness” de Bonnie ‘Prince’ Billy




“Blue” da Joni Mitchell


“Caught in a trap and I can’t back out
‘cause I love you too much, baby” do Mark Eitzel




“The boatman’s call” do Nick Cave & The Bad Seeds


“Sign o’ the times” do Prince

E:
“Pirates” da Rickie Lee Jones, “Disintegration” dos The Cure
“Now I got  worry” dos The Jon Spencer Blues Explosion
“Swordfishtrombones” do Tom Waits
“Townes van Zandt” do Townes van Zandt
"Pre-millenium tension” do Tricky
“Achtung baby” dos U2
“Veedon fleece” do Van Morrison
“Violent Femmes” dos Violent Femmes
“And then nothing turned itself inside out” dos Yo La Tengo
“The privilege of making the wrong choice” dos Zen…

A lista continua, é pessoal e varia com o tempo, é um exercício um bocadinho infrutífero escolher 5. J


EM: Quais são os teus planos para os próximos meses? Por onde andarás?

Old Jerusalem: Vamos promover o disco ao vivo, com concertos um pouco por todo o lado e continuando com a vida quotidiana, claro.

Agradecimento Especial Let's Start a Fire

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Eclectismo Musical: [Entrevista] Old Jerusalem

[Entrevista] Old Jerusalem

Entre a análise de riscos financeiros e o folk, Francisco Silva vai construindo a sua sólida carreira musical através do seu alterego Old Jerusalem. Com dez anos de carreira e cinco álbuns editados, este singer-songwriter português com nome de música do mestre Will Oldham (Bonnie 'Prince' Billy) continua a caminhar por ambientes calmos, enternecedores e de uma pureza apaziguadora. Um eterno prossecutor do bom gosto, Francisco Silva regressa às origens mais puras e apresenta composições fortes, onde o lirismo e o cuidado com as palavras sobressai como linha mestra, sempre devidamente acompanhado pelo doce dedilhar da sua guitarra acústica.
Recentemente, Francisco Silva editou o seu quinto disco de originais enquanto Old Jerusalem e o Eclectismo Musical esteve à conversa com o músico para o ficarmos a conhecer um pouco melhor.



Eclectismo Musical: Dez anos depois da estreia do projecto, chegar ao álbum homónimo é como que um regressar às origens?
Old Jerusalem: Só numa perspectiva “simbólica”, o álbum que fizemos é, na minha perspectiva, suficientemente distinto das origens do projecto para ser um passo em direcção ao futuro, não um olhar sobre o passado.

EM: Em jeito humorístico, enquanto analista de riscos financeiros, a TROIKA teve alguma influência no resultado final do teu novo álbum, ou o alterego tem suficiente independência para não se deixar influenciar?
Old Jerusalem: A troika não influenciou o conteúdo do disco, não, até porque o essencial do álbum foi registado antes da sua vinda. :)




EM: «Old Jerusalem» (editado no dia 19 de Setembro) entrará directamente para a prateleira do folk de câmara (Will Oldham a flutuar suavemente nas entrelinhas), num estilo de composição introspectivo e, digamos, clássico. Ainda que com uma narrativa, por vezes, alegórica, este é um “álbum-conceito”?

Old Jerusalem: Não, não há nenhum elemento comum subjacente a este conjunto de canções que permita vê-lo como um álbum conceptual, sob qualquer perspectiva.

EM: O tipo de música do projecto «Old Jerusalem» é algo sem grande tradição em Portugal, nomeadamente cantada em inglês. Mas, ao contrário de outros projectos portugueses recentes do âmbito indie/singer-songwriter, não chegam relatos da internacionalização (ainda que parcial) do teu alterego. A carreira internacional não é algo em que penses?
Old Jerusalem: Sim, foi um objectivo desde o início e continua a sê-lo. Não temos conseguido resultados concretos sustentáveis, mas continuamos com as “investidas”. Este disco, p. Ex., terá distribuição na Alemanha a partir de Novembro 2011 e estamos a desenvolver trabalho de promoção local. Os resultados, como sempre, são incertos, mas vamos insistindo no assunto.




EM: A propósito, qual consideras ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?
Old Jerusalem: Em termos criativos continuam a surgir várias bandas, promotoras e editoras que vão mantendo actividade regular e angariando seguidores, pelo que se sente alguma vitalidade. Em termos de negócio, como em praticamente todo o lado, as perspectivas não são as mais interessantes.

EM: Nos tempos que correm, a Internet é uma ferramenta incontornável. Quais são os canais que utilizas de uma forma mais activa para comunicares com os teus fãs?


Old Jerusalem: Sou pouco dado ao desenvolvimento de uma existência “online” J, mas mantemos uma página de facebook dedicada a Old Jerusalem, lançamos recentemente o site www.oldjerusalem.net , que esperamos vir a desenvolver ao longo do tempo e há sempre informação disponível sobre o projecto na página da PAD (www.pad-online.com).





EM: Que nomes colocavas no teu "Festival Ideal"? (Vivos ou não)

Old Jerusalem: Aquelas bandas que neste momento gostaria de ver. Hoje seriam, p.ex., Feist, Grand Salvo, Talons’, The Besnard Lakes, Josh T Pearson, entre outros.

EM: Se tivesses que identificar os 5 melhores álbuns de sempre, qual era a tua escolha? E porquê?

Old Jerusalem: É uma pergunta demasiado difícil. Um disco clássico deve conjugar excelente escrita, excelente interpretação, excelente som e preferencialmente (mas é facultativo) uma dose de originalidade, além de um qualquer carisma que os torna únicos mas que ninguém sabe de onde vem.

Alguns dos discos que considero estarem próximos desse ideal são:

“I see a darkness” de Bonnie ‘Prince’ Billy




“Blue” da Joni Mitchell


“Caught in a trap and I can’t back out
‘cause I love you too much, baby” do Mark Eitzel




“The boatman’s call” do Nick Cave & The Bad Seeds


“Sign o’ the times” do Prince

E:
“Pirates” da Rickie Lee Jones, “Disintegration” dos The Cure
“Now I got  worry” dos The Jon Spencer Blues Explosion
“Swordfishtrombones” do Tom Waits
“Townes van Zandt” do Townes van Zandt
"Pre-millenium tension” do Tricky
“Achtung baby” dos U2
“Veedon fleece” do Van Morrison
“Violent Femmes” dos Violent Femmes
“And then nothing turned itself inside out” dos Yo La Tengo
“The privilege of making the wrong choice” dos Zen…

A lista continua, é pessoal e varia com o tempo, é um exercício um bocadinho infrutífero escolher 5. J


EM: Quais são os teus planos para os próximos meses? Por onde andarás?

Old Jerusalem: Vamos promover o disco ao vivo, com concertos um pouco por todo o lado e continuando com a vida quotidiana, claro.

Agradecimento Especial Let's Start a Fire

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