Wednesday, September 07, 2011

[Entrevista] You Can't Win, Charlie Brown

São uma das mais promissoras e estimulantes bandas portuguesas dos últimos tempos. A banda lisboeta editou em Maio deste ano, um dos discos de estreia mais elogiados da crítica especializada nacional e internacional. Os You Can't Win, Charlie Brown (YCWCB) são seis jovens músicos portugueses que cresceram com um conjunto de diferentes influências, e que souberam criar uma interessante mescla de sonoridades, onde a melancolia dos temas impera, mas em que, simultaneamente, a profusão de sons remete, por vezes, para ambientes luminosos, hipnóticos e cheios de esperança.

Com festa de lançamento em Lisboa de «Chromatic», marcada para o próximo dia 15 de Setembro no Lux, o Eclectismo Musical esteve recentemente à conversa com os YCWCB e podemos ficar agora a conhecer melhor um dos mais interessantes projectos musicais a surgir nos últimos tempos em Portugal.



Eclectismo Musical (EM): Bem, a inevitável primeira pergunta: Como nasceram os «You Can’t Win, Charlie Brown»?

YCWCB: O grupo nasceu numa altura em que o Luís, o Afonso e o Salvador andavam a compor músicas, cada um do seu lado. Começámos a falar uns com os outros para tocar nos temas de cada um e rapidamente percebemos que o que fazia mais sentido era mesmo ter uma banda em que todos participassem, em vez de ter 3 projectos diferentes. Logo a seguir, convidámos o David, que aceitou juntar-se a nós. Foi assim que nasceram os “You Can’t Win, Charlie Brown”. Mais á frente entraram o Tomás e o João, já depois do primeiro EP.

EM: A banda são o Afonso e o Salvador que recebe convidados, sendo um “colectivo” variável e sempre aberto a entradas e saídas, ou podemos considerar que são uma banda de seis elementos?

YCWCB: A dada altura foi essa a nossa ideia, até porque permitia que o Luís e o David estivessem mais à vontade com outros projectos e com a vida pessoal. Mas passado algum tempo percebemos que assim não ia funcionar e que precisávamos de estar todos a fundo na banda. Isso aplica-se às seis pessoas que formam o grupo agora. Esses seis são os “You Can’t Win, Charlie Brown”.




EM: Como é o vosso processo de criação? Em jeito de humor, a guitarra de três cordas é o vosso maior segredo?

YCWCB: Os nossos temas vêm quase sempre de uma pessoa apenas, na sua base, depois são desenvolvidos por todos. Esse processo é muitas vezes feito por email, já que é difícil estarmos os seis a ensaiar com muita regularidade. Se alguém tiver uma ideia, grava e manda para os outros, e vão-se construindo alguns arranjos assim.
Quanto à guitarra de três cordas, não é bem um segredo, é mais um acaso feliz. Um dia o Salvador queria compor e só tinha uma guitarra com 3 cordas, porque o irmão mais novo tinha-lhe partido as outras 3.


EM: Lançaram, no final de Maio, o vosso primeiro álbum: «Chromatic» que tem vindo a ser muitíssimo bem recebido por toda a crítica. Alguma explicação complexa para o título escolhido ou foi um mero acaso, tal como a escolha do nome da banda?


YCWCB: Não é um acaso nem tem direito a uma explicação muito complexa.
Foi logo uma das primeiras ideias a surgir. Sabíamos que queríamos um nome curto e forte, e “Chromatic” não só encaixa nesses padrões como define bem o que se passa no disco e tem uma componente visual muito forte, o que também nos atraiu muito e ficou bem representado na capa.




EM: O álbum abre com o fortíssimo single “Over The Sun / Under The Water”. Pode-se dizer que este tema define o som dos «You Can’t Win, Charlie Brown»?

YCWCB: Dizer que a “Over The Sun / Under The Water” define o nosso som é capaz de ser um bocadinho demais, mas é verdade que é provavelmente o tema que mostra melhor o que acontece no “Chromatic”. Tem o lado acústico e o lado mais electrónico, os coros, etc... por aí sim.






EM: Depois dos elogios vindos da influente revista francesa “Les Inrockuptibles”; das excelentes reviews aos concertos dados em terras de sua majestade e também de algum hype que se vai criando no Brasil através de alguns influentes bloggers, já estão convencidos que irão ter forçosamente uma maior repercussão no estrangeiro do que em Portugal? A carreira internacional é o vosso caminho?

YCWCB: Não sentimos que a nossa carreira vai ter que ser feita lá fora, mas se tivermos a oportunidade de explorar isso mais a fundo vamos fazê-lo, mas ainda é muito cedo para percebermos até onde é que isso pode chegar.


















EM: A propósito, qual consideram ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?


YCWCB: Está muito interessante. Há muita gente a fazer boa música nos mais variados estilos e essa diversidade é uma das mais-valias actuais da música Portuguesa. Paralelamente, também parece haver cada vez mais público interessado na música nacional e a aparecer nos concertos, ao contrário do que acontecia há uma década atrás.


EM: Ainda que baste uma ou duas audições do álbum, para perceber que, pese embora a melancolia, os doze temas de «Chromatic» são sobretudo algo que vos deu imenso gozo a fazer e que está longe de ser apenas um disco de estreia, uma vez que a maturidade da construção lírica é uma constante, têm algum receio que internacionalmente o vosso som seja colado em demasia aos Grizzly Bear, Fleet Foxes ou aos Animal Collective e que isso possa limitar o vosso crescimento enquanto banda? Ou pelo contrário isso poderá ter um efeito positivo de identificação?


YCWCB: As comparações existem sempre e nem vale a pena tentar contrariar isso. Não é por nos compararem a esses grupos que o nosso crescimento enquanto banda fica limitado. A única coisa que pode limitar o nosso crescimento somos nós... e não é para já.






EM: Nos tempos que correm, a Internet é uma ferramenta incontornável. Quais são os canais que utilizam de uma forma mais activa para comunicarem com os vossos fãs?


YCWCB: Principalmente o Facebook (http://www.facebook.com/Youcantwincharliebrown)
  
EM: Que nomes colocavam no vosso "Festival Ideal"? (Vivos ou não)

YCWCB: Deerhoof; The Flaming Lips; Sigur Rós; Radiohead; Jeff Buckley; Tom Waits.




EM: Como é a vida dos «You Can’t Win, Charlie Brown» para além da música?


YCWCB:
Depende, uns trabalham, outros estudam, outros fazem mais música ainda – O Luís tem um projecto a solo, o David tem Noiserv, o João toca com os Diabo na Cruz, Feromona, Julie and The Carjackers...

EM: Quais são os vossos planos para os próximos meses? Por onde andarão?


YCWCB:
Para já os nossos planos são mostrar a nossa música. Vamos estar no Lux a 15 de Setembro e depois vamos para Inglaterra dar uns concertos no final do mês.


Agradecimento Especial: Let's Start A Fire

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Eclectismo Musical: [Entrevista] You Can't Win, Charlie Brown

[Entrevista] You Can't Win, Charlie Brown

São uma das mais promissoras e estimulantes bandas portuguesas dos últimos tempos. A banda lisboeta editou em Maio deste ano, um dos discos de estreia mais elogiados da crítica especializada nacional e internacional. Os You Can't Win, Charlie Brown (YCWCB) são seis jovens músicos portugueses que cresceram com um conjunto de diferentes influências, e que souberam criar uma interessante mescla de sonoridades, onde a melancolia dos temas impera, mas em que, simultaneamente, a profusão de sons remete, por vezes, para ambientes luminosos, hipnóticos e cheios de esperança.

Com festa de lançamento em Lisboa de «Chromatic», marcada para o próximo dia 15 de Setembro no Lux, o Eclectismo Musical esteve recentemente à conversa com os YCWCB e podemos ficar agora a conhecer melhor um dos mais interessantes projectos musicais a surgir nos últimos tempos em Portugal.



Eclectismo Musical (EM): Bem, a inevitável primeira pergunta: Como nasceram os «You Can’t Win, Charlie Brown»?

YCWCB: O grupo nasceu numa altura em que o Luís, o Afonso e o Salvador andavam a compor músicas, cada um do seu lado. Começámos a falar uns com os outros para tocar nos temas de cada um e rapidamente percebemos que o que fazia mais sentido era mesmo ter uma banda em que todos participassem, em vez de ter 3 projectos diferentes. Logo a seguir, convidámos o David, que aceitou juntar-se a nós. Foi assim que nasceram os “You Can’t Win, Charlie Brown”. Mais á frente entraram o Tomás e o João, já depois do primeiro EP.

EM: A banda são o Afonso e o Salvador que recebe convidados, sendo um “colectivo” variável e sempre aberto a entradas e saídas, ou podemos considerar que são uma banda de seis elementos?

YCWCB: A dada altura foi essa a nossa ideia, até porque permitia que o Luís e o David estivessem mais à vontade com outros projectos e com a vida pessoal. Mas passado algum tempo percebemos que assim não ia funcionar e que precisávamos de estar todos a fundo na banda. Isso aplica-se às seis pessoas que formam o grupo agora. Esses seis são os “You Can’t Win, Charlie Brown”.




EM: Como é o vosso processo de criação? Em jeito de humor, a guitarra de três cordas é o vosso maior segredo?

YCWCB: Os nossos temas vêm quase sempre de uma pessoa apenas, na sua base, depois são desenvolvidos por todos. Esse processo é muitas vezes feito por email, já que é difícil estarmos os seis a ensaiar com muita regularidade. Se alguém tiver uma ideia, grava e manda para os outros, e vão-se construindo alguns arranjos assim.
Quanto à guitarra de três cordas, não é bem um segredo, é mais um acaso feliz. Um dia o Salvador queria compor e só tinha uma guitarra com 3 cordas, porque o irmão mais novo tinha-lhe partido as outras 3.


EM: Lançaram, no final de Maio, o vosso primeiro álbum: «Chromatic» que tem vindo a ser muitíssimo bem recebido por toda a crítica. Alguma explicação complexa para o título escolhido ou foi um mero acaso, tal como a escolha do nome da banda?


YCWCB: Não é um acaso nem tem direito a uma explicação muito complexa.
Foi logo uma das primeiras ideias a surgir. Sabíamos que queríamos um nome curto e forte, e “Chromatic” não só encaixa nesses padrões como define bem o que se passa no disco e tem uma componente visual muito forte, o que também nos atraiu muito e ficou bem representado na capa.




EM: O álbum abre com o fortíssimo single “Over The Sun / Under The Water”. Pode-se dizer que este tema define o som dos «You Can’t Win, Charlie Brown»?

YCWCB: Dizer que a “Over The Sun / Under The Water” define o nosso som é capaz de ser um bocadinho demais, mas é verdade que é provavelmente o tema que mostra melhor o que acontece no “Chromatic”. Tem o lado acústico e o lado mais electrónico, os coros, etc... por aí sim.







EM: Depois dos elogios vindos da influente revista francesa “Les Inrockuptibles”; das excelentes reviews aos concertos dados em terras de sua majestade e também de algum hype que se vai criando no Brasil através de alguns influentes bloggers, já estão convencidos que irão ter forçosamente uma maior repercussão no estrangeiro do que em Portugal? A carreira internacional é o vosso caminho?

YCWCB: Não sentimos que a nossa carreira vai ter que ser feita lá fora, mas se tivermos a oportunidade de explorar isso mais a fundo vamos fazê-lo, mas ainda é muito cedo para percebermos até onde é que isso pode chegar.


















EM: A propósito, qual consideram ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?


YCWCB: Está muito interessante. Há muita gente a fazer boa música nos mais variados estilos e essa diversidade é uma das mais-valias actuais da música Portuguesa. Paralelamente, também parece haver cada vez mais público interessado na música nacional e a aparecer nos concertos, ao contrário do que acontecia há uma década atrás.


EM: Ainda que baste uma ou duas audições do álbum, para perceber que, pese embora a melancolia, os doze temas de «Chromatic» são sobretudo algo que vos deu imenso gozo a fazer e que está longe de ser apenas um disco de estreia, uma vez que a maturidade da construção lírica é uma constante, têm algum receio que internacionalmente o vosso som seja colado em demasia aos Grizzly Bear, Fleet Foxes ou aos Animal Collective e que isso possa limitar o vosso crescimento enquanto banda? Ou pelo contrário isso poderá ter um efeito positivo de identificação?


YCWCB: As comparações existem sempre e nem vale a pena tentar contrariar isso. Não é por nos compararem a esses grupos que o nosso crescimento enquanto banda fica limitado. A única coisa que pode limitar o nosso crescimento somos nós... e não é para já.






EM: Nos tempos que correm, a Internet é uma ferramenta incontornável. Quais são os canais que utilizam de uma forma mais activa para comunicarem com os vossos fãs?


YCWCB: Principalmente o Facebook (http://www.facebook.com/Youcantwincharliebrown)
  
EM: Que nomes colocavam no vosso "Festival Ideal"? (Vivos ou não)

YCWCB: Deerhoof; The Flaming Lips; Sigur Rós; Radiohead; Jeff Buckley; Tom Waits.




EM: Como é a vida dos «You Can’t Win, Charlie Brown» para além da música?


YCWCB:
Depende, uns trabalham, outros estudam, outros fazem mais música ainda – O Luís tem um projecto a solo, o David tem Noiserv, o João toca com os Diabo na Cruz, Feromona, Julie and The Carjackers...

EM: Quais são os vossos planos para os próximos meses? Por onde andarão?


YCWCB:
Para já os nossos planos são mostrar a nossa música. Vamos estar no Lux a 15 de Setembro e depois vamos para Inglaterra dar uns concertos no final do mês.


Agradecimento Especial: Let's Start A Fire

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