Friday, January 28, 2011

ENTREVISTA: Emmy Curl


Aos 20 anos, Catarina Miranda tem já "nove anos de carreira" e é uma multifacetada artista. Nascida num ambiente artístico e beneficiando do isolamento natural provocado por isso ter acontecido em Vila Real, Catarina apresenta um estilo muito próprio em que a melancolia, o encantamento e os ambientes bucólicos transformam as suas composições em momentos de rara beleza. Num mundo criativo que vai da pintura à música e onde se notam os efeitos de não ter crescido num grande centro urbano, Catarina Miranda apresenta o seu mundo encantado pela voz de «Emmy Curl» e com ela poderá chegar muito longe. Se fosse sueca estaria já nas bocas do mundo indie, assim, demorará apenas um pouco mais a chegar onde merece. Encontra-se neste momento a ultimar o seu primeiro disco de originais, com saída prevista para Março e teve recentemente direito a um EP editado através da Optimus Discos, disponível para download aqui! No ano passado teve o seu, até agora, momento mais alto, ao ser a artista escolhida para fazer a primeira parte do concerto dos Eels no Coliseu. Da entrevista que poderão ler em seguida ressalta a maturidade de alguém que apesar da sua juventude é uma artista de corpo inteiro.


«Emmy Curl». De onde apareceu este nome e como descreves a Catarina e a Emmy? Alter Ego ou apenas personagem de ficção?

Emmy foi um nome que me apareceu ainda na pré adolescência...como já pintava e tinha uma ideia de como queria fazer a arte decidi dar-me um apelido. Depois Curl apareceu mais tarde, quando um boom de artistas femininas apareceu também com o nome de Amy ou com uma sonoridade parecida e pensei que o meu nome precisava de uma sustentação até fonética. Caracol é além de ser o símbolo do meu signo (caranguejo) e representar a lua, encontra-se nos meus desenhos desde que me lembro, sempre fiz cabelos e ornamentos em torno de um papel, por isso decidi que se adequava.

Como foi o teu percurso artístico?  Sendo ainda muito jovem, já nasceste rodeada da tecnologia, isso permitiu que Vila Real fosse apenas uma porta para o mundo?
Aprendi a tocar guitarra aos 11 anos, depois nunca parei, os meus pais deram-me algumas aulas de solfejo e estudos clássicos para viola. Quando nos mudámos para uma diferente casa, o meu pai construiu numa cave um estúdio para gravar o projecto dele (e da minha mãe) e aos 14 comecei a gravar muito na base da experiencia, já tinha algumas músicas feitas nesse ano e comecei aquela que seria uma das grandes pontes para tudo o que aconteceu. Não tinha grande consciência do que estava a fazer, aquilo simplesmente dava-me gozo. Para uma menina ouvir nos phones a propria voz é uma descoberta incrível. (e já desde pequena que o meu sonho era ter um gravador!) Quando depois descobri o Myspace e coloquei lá as minhas músicas começaram a chover propostas de concertos e lá ia eu sozinha com uma guitarra tocar para onde fosse.



Ao que parece tens uma quase obsessão em ouvir repetidamente as tuas gravações. Sempre à procura do mais ínfimo pormenor a corrigir? O perfeccionismo chega a ser um defeito?
Sim, desde que gravei as primeiras canções, ou impressões, comecei pela caça à "voz ". A minha voz não é assim, eu trabalhei para chegar à voz que tenho e desde cedo tenho uma ideia muito sóbria daquilo que quero transmitir, ainda não cheguei onde quero, mas estou no caminho certo, penso. Havia noites que ficava em claro a ouvir em repeat canções que fizera recentes, e a cada repetição detestava cada vez mais a música, porque encontrava outro e outro pormenor que não ia de encontro ao meu ideal. No dia seguinte, em vez de ir corrigir os erros fazia uma nova. (risos) Eu tomava (e tomo) a música como um processo evolutivo, não me apego demais a elas, porque sei que posso sempre fazer melhor, mas fica sempre uma parte de mim ou um estado de espírito na fórmula da canção.


Qual é a ordem do teu processo criativo? Tens um método ou varia consoante o momento?

Acho que o meu processo criativo é muito igual a todos os artistas, às vezes sem querer ele aparece e quando queres que ele apareça ele nunca aparece. Para mim é facil criar, mas criar e soar mágico é completamente diferente. Aí é que tem o papel da inspiração, criar é fácil, mas estar inspirado para criar é muito mais complexo.
Para mim quando estou isolada crio mais fluentemente, Vila Real, como digo, é um antro de isolamento e inspiração, parece que tudo o que crio dalí ecoa nas montanhas para o Mundo, faz tudo parecer maior.




Como classificas os três anos que passaste no Conservatório Regional de Vila Real e, de uma forma mais abrangente, qual é a tua visão relativa ao ensino musical clássico em contraponto ao, cada vez maior, «autodidactismo» potenciado pela tecnologia?
Eu respeito todos os artistas e pessoas que pensam que a formação clássica musical é o melhor meio para quem quer seguir música. Eu apenas retirei o que achei necessário de tudo aquilo, poderei estar enganada, porque há sempre mais para aprender, mas o meu caminho, achei, era outro. Tenho hoje visibilidade de dois pontos de vista diferentes, para mim acho que devemos tirar só o necessário para o caminho que queremos fazer, de modo também a influenciarmo-nos mais localizadamente e com mais interesse, porque estamos a aprender o que vai servir para andar o que eu queremos ser. Por outro lado acho que o ensino nunca é demasiado. Um ponto de equilíbrio entre os dois seria o ideal. 
Portanto dou graças por ter aprendido aqueles poucos anos de formação clássica que me serviram até hoje, mas para mim, como um ser influenciável, acho que fiz bem em ter feito outro caminho, há coisas que nos esquecemos que temos cá dentro quando nos ensinam como devemos fazer algo, e toda a minha música à parte do tecnicismo instrumental é toda transmitida primitivamente na melodia e na mensagem.
 















Qual 
consideras ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?
É difícil abtrairmo-nos das dificuldades em singrar enquanto musico num país com um mercado e um investimento cultural tão pequeno. Existe muita oferta musical, é um facto, e facilidade em ouvir o trabalho dos grupos. Gostava de ver mais artistas Portugueses a vingar no estrangeiro, sem medo de arriscar. Gostava que se desse valor à Arte. Gostava que as pessoas percebessem que a arte tem toda a importância para a base de uma sociedade saudável.

Como é a vida profissional da Catarina para além da Emmy Curl? 
Para além do meu projecto musical estou inserida no espectáculo Rouge encenado e criado por João Fino, uma fusão de teatro e música, que vai dar muito que falar em breve. Tenho um outro projecto pronto a ser editado chamado Deep:her, com o Gijoe. Tenho um projecto alternativo com a Dama Bete, mais electrónico indie: Cherry Sparks. Participei recentemente numa faixa de Frankie Chavez, que vai lançar um CD em breve. Costumo colaborar com Djs e outros músicos sempre que possível.



Que nomes colocavas no teu "festival ideal"? (Vivos ou não)
Little Dragon, Goldfrapp, José Gonzalez, Ivy, Telepopmusik, Bjork, para fechar Edith Piaf e Amália.



O que achas dos novos veículos de comunicação, és uma utilizadora convicta? Que meios utilizas? 
Sim...uso facebook (risos), mas apenas para partilhar música ou informações úteis a todos...Não concordo com partilhas muito pessoais, porque nunca sabemos quem vai ler. Apesar de eu ser um pouco à moda antiga concordo que é útil para todos, e um grande passo na evolução da humanidade se usado correctamente.
Uso também o
Myspace (http://www.myspace.com/emmycurl) e Youtube (http://www.youtube.com/user/emmyfairyswispers).


Uma última questão, tens planos/objectivos de carreira definidos?

Estou a gravar o meu primeiro CD, em Março estará à venda nas lojas!

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Eclectismo Musical: ENTREVISTA: Emmy Curl

ENTREVISTA: Emmy Curl


Aos 20 anos, Catarina Miranda tem já "nove anos de carreira" e é uma multifacetada artista. Nascida num ambiente artístico e beneficiando do isolamento natural provocado por isso ter acontecido em Vila Real, Catarina apresenta um estilo muito próprio em que a melancolia, o encantamento e os ambientes bucólicos transformam as suas composições em momentos de rara beleza. Num mundo criativo que vai da pintura à música e onde se notam os efeitos de não ter crescido num grande centro urbano, Catarina Miranda apresenta o seu mundo encantado pela voz de «Emmy Curl» e com ela poderá chegar muito longe. Se fosse sueca estaria já nas bocas do mundo indie, assim, demorará apenas um pouco mais a chegar onde merece. Encontra-se neste momento a ultimar o seu primeiro disco de originais, com saída prevista para Março e teve recentemente direito a um EP editado através da Optimus Discos, disponível para download aqui! No ano passado teve o seu, até agora, momento mais alto, ao ser a artista escolhida para fazer a primeira parte do concerto dos Eels no Coliseu. Da entrevista que poderão ler em seguida ressalta a maturidade de alguém que apesar da sua juventude é uma artista de corpo inteiro.


«Emmy Curl». De onde apareceu este nome e como descreves a Catarina e a Emmy? Alter Ego ou apenas personagem de ficção?

Emmy foi um nome que me apareceu ainda na pré adolescência...como já pintava e tinha uma ideia de como queria fazer a arte decidi dar-me um apelido. Depois Curl apareceu mais tarde, quando um boom de artistas femininas apareceu também com o nome de Amy ou com uma sonoridade parecida e pensei que o meu nome precisava de uma sustentação até fonética. Caracol é além de ser o símbolo do meu signo (caranguejo) e representar a lua, encontra-se nos meus desenhos desde que me lembro, sempre fiz cabelos e ornamentos em torno de um papel, por isso decidi que se adequava.

Como foi o teu percurso artístico?  Sendo ainda muito jovem, já nasceste rodeada da tecnologia, isso permitiu que Vila Real fosse apenas uma porta para o mundo?
Aprendi a tocar guitarra aos 11 anos, depois nunca parei, os meus pais deram-me algumas aulas de solfejo e estudos clássicos para viola. Quando nos mudámos para uma diferente casa, o meu pai construiu numa cave um estúdio para gravar o projecto dele (e da minha mãe) e aos 14 comecei a gravar muito na base da experiencia, já tinha algumas músicas feitas nesse ano e comecei aquela que seria uma das grandes pontes para tudo o que aconteceu. Não tinha grande consciência do que estava a fazer, aquilo simplesmente dava-me gozo. Para uma menina ouvir nos phones a propria voz é uma descoberta incrível. (e já desde pequena que o meu sonho era ter um gravador!) Quando depois descobri o Myspace e coloquei lá as minhas músicas começaram a chover propostas de concertos e lá ia eu sozinha com uma guitarra tocar para onde fosse.



Ao que parece tens uma quase obsessão em ouvir repetidamente as tuas gravações. Sempre à procura do mais ínfimo pormenor a corrigir? O perfeccionismo chega a ser um defeito?
Sim, desde que gravei as primeiras canções, ou impressões, comecei pela caça à "voz ". A minha voz não é assim, eu trabalhei para chegar à voz que tenho e desde cedo tenho uma ideia muito sóbria daquilo que quero transmitir, ainda não cheguei onde quero, mas estou no caminho certo, penso. Havia noites que ficava em claro a ouvir em repeat canções que fizera recentes, e a cada repetição detestava cada vez mais a música, porque encontrava outro e outro pormenor que não ia de encontro ao meu ideal. No dia seguinte, em vez de ir corrigir os erros fazia uma nova. (risos) Eu tomava (e tomo) a música como um processo evolutivo, não me apego demais a elas, porque sei que posso sempre fazer melhor, mas fica sempre uma parte de mim ou um estado de espírito na fórmula da canção.


Qual é a ordem do teu processo criativo? Tens um método ou varia consoante o momento?

Acho que o meu processo criativo é muito igual a todos os artistas, às vezes sem querer ele aparece e quando queres que ele apareça ele nunca aparece. Para mim é facil criar, mas criar e soar mágico é completamente diferente. Aí é que tem o papel da inspiração, criar é fácil, mas estar inspirado para criar é muito mais complexo.
Para mim quando estou isolada crio mais fluentemente, Vila Real, como digo, é um antro de isolamento e inspiração, parece que tudo o que crio dalí ecoa nas montanhas para o Mundo, faz tudo parecer maior.




Como classificas os três anos que passaste no Conservatório Regional de Vila Real e, de uma forma mais abrangente, qual é a tua visão relativa ao ensino musical clássico em contraponto ao, cada vez maior, «autodidactismo» potenciado pela tecnologia?
Eu respeito todos os artistas e pessoas que pensam que a formação clássica musical é o melhor meio para quem quer seguir música. Eu apenas retirei o que achei necessário de tudo aquilo, poderei estar enganada, porque há sempre mais para aprender, mas o meu caminho, achei, era outro. Tenho hoje visibilidade de dois pontos de vista diferentes, para mim acho que devemos tirar só o necessário para o caminho que queremos fazer, de modo também a influenciarmo-nos mais localizadamente e com mais interesse, porque estamos a aprender o que vai servir para andar o que eu queremos ser. Por outro lado acho que o ensino nunca é demasiado. Um ponto de equilíbrio entre os dois seria o ideal. 
Portanto dou graças por ter aprendido aqueles poucos anos de formação clássica que me serviram até hoje, mas para mim, como um ser influenciável, acho que fiz bem em ter feito outro caminho, há coisas que nos esquecemos que temos cá dentro quando nos ensinam como devemos fazer algo, e toda a minha música à parte do tecnicismo instrumental é toda transmitida primitivamente na melodia e na mensagem.
 















Qual 
consideras ser o «estado d'arte» da música feita em Portugal?
É difícil abtrairmo-nos das dificuldades em singrar enquanto musico num país com um mercado e um investimento cultural tão pequeno. Existe muita oferta musical, é um facto, e facilidade em ouvir o trabalho dos grupos. Gostava de ver mais artistas Portugueses a vingar no estrangeiro, sem medo de arriscar. Gostava que se desse valor à Arte. Gostava que as pessoas percebessem que a arte tem toda a importância para a base de uma sociedade saudável.

Como é a vida profissional da Catarina para além da Emmy Curl? 
Para além do meu projecto musical estou inserida no espectáculo Rouge encenado e criado por João Fino, uma fusão de teatro e música, que vai dar muito que falar em breve. Tenho um outro projecto pronto a ser editado chamado Deep:her, com o Gijoe. Tenho um projecto alternativo com a Dama Bete, mais electrónico indie: Cherry Sparks. Participei recentemente numa faixa de Frankie Chavez, que vai lançar um CD em breve. Costumo colaborar com Djs e outros músicos sempre que possível.



Que nomes colocavas no teu "festival ideal"? (Vivos ou não)
Little Dragon, Goldfrapp, José Gonzalez, Ivy, Telepopmusik, Bjork, para fechar Edith Piaf e Amália.



O que achas dos novos veículos de comunicação, és uma utilizadora convicta? Que meios utilizas? 
Sim...uso facebook (risos), mas apenas para partilhar música ou informações úteis a todos...Não concordo com partilhas muito pessoais, porque nunca sabemos quem vai ler. Apesar de eu ser um pouco à moda antiga concordo que é útil para todos, e um grande passo na evolução da humanidade se usado correctamente.
Uso também o
Myspace (http://www.myspace.com/emmycurl) e Youtube (http://www.youtube.com/user/emmyfairyswispers).


Uma última questão, tens planos/objectivos de carreira definidos?

Estou a gravar o meu primeiro CD, em Março estará à venda nas lojas!

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